quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Perdoo-te Deus
Perdoo-te por sua ausência
E também por beberes mais do que eu
Tu és o meu desejo
E eu o desejo de tua existência.
És tu órfão como eu,
Nasceste de mãe sem pai
E se perdeu no caminho da Vida.

Perdoo-te pelo pão e pelo vinho
Pela água e pela uva
Que vós mesmo abandonaste
Chegou a seca no sertão do Cariri
Meu gado morreu
Devido a guerra e a seca
Retirou-se o povo do sertão do Ceará
Ai de Juazeiro! Ai de Paraíba!

Me perdoe Deus
Escute minha prece:
Olhe pro cerrado, olhe pra Ananais
Meu Padim Ciço,
Rogue a virgem santíssima por nóis
Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Eu te perdoo Deus,
Te perdoo pela seca, pela sede
Pela morte,
Todo dia é dia de seca, de morte, de fome...
Te perdoo por levar minha gente pra arar a terra
Da fazenda do menino Jesus de Praga

Te abençoo Deus pelo pão que não comeu
Pelo vinho que não bebeu
Pela sede inconstante de minha constância.

Te perdoo Deus,
Como não perdoar-te se somos um?
Eu me perdoo Deus
Me perdoo pelos milagres que não fiz,
Pelo choro que não sequei
Me perdoo por não ser como tu
Me perdoo por ser Deus.

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