sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Do amor que me veio

Há flores no caminho,
Tantas quanto se pode imaginar,
É primavera e o amor chegou
De frauda e asa quebrada,
Nem alto e nem baixo,
Nem gordo e nem magro,
Não muito feio, não muito bonito,
O amor não olha essas coisas
O amor apenas... apenas se dá.

É primavera
O amor caiu sobre o meu telhado
e rolou telha a baixo até minha janela.
Infeliz, tinha o peito nú.
Chegou na hora do chá,
Se fica para o almoço não se sabe.

Pequenino, pequenino,
Pequenino é o meu amor
Que paira sobre a flor da paineira
Em frente minha janela,
Ao almoço, da cozinha o vejo,
Gorjeia meu sabiá, e o menino ri!
Ah, que riso gostoso,
É o riso do amor,

É primavera
Na porta de casa, na porta do bar...
Olho pela vidraça do carro,
PA-RA-LE-LE-PI-PE-DO
Digo ao pensar no amor que me veio
O pequeno anjinho me espia
Num tom sério finjo que não o vejo
PA-RAA-LE-LE-PI-PE-DOOO...?
Um sorriso imenso brota do vasinho de orquídea
Foi ali que o danadinho se escondeu.

O amor,
Sem rima, sem métrica e sem forma,
Um amor reverso ao parnasiano,
Reverso ao simbólico e ao moderno
Um amor romântico se me veio,
Pois é primavera...  é primavera e o meu amor dorme
Dorme dentro do vaso de orquídea
que agora jaz despetalado.


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