sábado, 13 de janeiro de 2018

Sangue real

Óia seu moço
Iô num sô dessas bandas,
Num se assuste com meus óios vermeio
Essa pele preta
De  prutegê um corpo bronco
Da quentura do sol.

Estes pés rachadu
São de pisá terra,
Socá arroz, café... braço de pilão
Fecundação da vida.
Mãos da cor da terra, sim sinhô.

- Eu sou de lá!

Sou fio de rei, seu moço.
Descendo da famía real.
Pode me chamar de preto,
Me tirá os direito, me chunchar com ferrão,
Mas não nego meu sangue
Sou preto de raiz, seu moço,
Sou da linha direta de Xangô!

Seu machado, patrão
Virou a cacimba de fundo pro mar
Na passagem do tempo
Para ancoragem e sustento das pernas
no fundo das águas]
E isso eu não nego, inhô
Que sou de origem Nagô
Lastragem real de Xangô.

Sem comentários:

Enviar um comentário