Fui menino e hoje sou mulher
Fui mulher e hoje sou velho
Fui velho e hoje sou pó
Fui pó e hoje sou moça
Fui moça e hoje sou homem
Fui homem e hoje sou anciã
O vício anda dentro do tempo
Que fora do tempo é
E tempo não é,
O tempo que fora
Que é e não se sente
Fui tempo e hoje sou semente
Da semente puro mar,
-Oceano em Terra
Sou Terra, fui mar
Gaia inicial
fonte e primazia
Onde tudo se germina, se cria, se finda
Nostalgia mecânica,
inércia motora
Que violenta os corpos.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Nostalgia 1
No despertar tenho morte
Angústia de quem vive
Debruço-me sobre ela
E admiro-a qual paisagem
- Profunda contemplação
(...)
Senhora que me cerca
Em adágios chorosos,
Incógnita de quem ama
(...)
Um copo de gim sobre a mesa
O corpo de Gina sob a mesa
- Silêncio!
Alguém adormeceu...
Angústia de quem vive
Debruço-me sobre ela
E admiro-a qual paisagem
- Profunda contemplação
(...)
Senhora que me cerca
Em adágios chorosos,
Incógnita de quem ama
(...)
Um copo de gim sobre a mesa
O corpo de Gina sob a mesa
- Silêncio!
Alguém adormeceu...
domingo, 1 de janeiro de 2017
Inacabado
Aos amigos do peito
Apenas um soluço
Isso é tudo o que lhes posso dar
Nada passou de um engano prosaico
quando o ônibus em alta velocidade passou por cima de um corpo em inércia e desmembrou-o o cegando as vistas.
Não lembro-me de detalhes, contudo lembro o suficiente para lhes dizer que a tragédia se sucedeu na rua 23 de maio, na esquina 12, quarteirão terceiro de uma São Paulo cinza.
Pois bem, assim fora o infortúnio. Voltava por volta das onze horas do dia de casa de Lulu, ou Laurieh, como quiser. Convidara-me para um chá das nove em casa de sua irmã Lurdes, mulher do alfaiate, loja 305 no centro.
(...)
Para quê contar o resto? Oras, que Brás Cubas de Machado lhes narre sua tragédia, de mim nada direi.
(...)
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