domingo, 27 de novembro de 2016

Da bailarina

Danse, Tremulous, Cygne
Um céu róseo 
desabrocha nas fumaças dos motores
A menina beija a mãe
sai por aí ao encontro do seu destino
Seus pezinhos ligeiramente delicados 
tateam com cuidado as Bromélias 
que lhe pende ligeiro sorriso
e dizem entre si:

- A onde vais menina? A onde vais?

Linearmente ereta,
mãozinhas na cintura,
fôlego suspenso,

- Creio que ela correu. Sim. Certamente. Ela correu.
A menina do coque  róseo, do sorriso róseo...
Parou em frente a confeitaria, 
cheira as mãozinhas, esfrega-as ao estômago,

- Mate Por favor!

Uma pequena pausa, 
um ligeiro e eterno sorriso...

- Um mate, Por favor!


À vous aimer

A menina do vestidinho rosa
chegou, parou, entrou no edifício 36, da rua Lorena

"Atelier Mme. Odette Ancour"

Era ali onde se refugiava quase todas as manhãs, 
Onde seus pezinhos em formação 
cumpriam seu ritual ortodoxo
de salvação pela arte.

...Alguém lhe pergunta do amor,
Mas de nada   ela sabe,
Exceto de que o amor é rosa,
assim como tudo que há nela o é.
A pequena não se engana,
A pequena sabe
que do amor tudo é dança, 
tudo é um beijo no cenho materno,
que o amor é apenas MATE. 
Puro MATE.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pé de Ipê

Um pé de Pê
De Pê amarelo
É sombra de Ipê
No pé do carvalho
escandaloso Purtuguês
Azul e branco
Cor do céu
Vida que se refaz
em tom grená
Na imensidão das nuvens macias
fronde orgulhosa  de Pê.
Essa gente de fados
tão ameríndia quanto os de lá
Chorando Pês
na Terra dos de Pindorama
Pontilhão agudo - cruzeiro do sul
Procissão de moles Marias sonolentas
em galhos machos de bambuzais sergipanos.