terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Cruzamos a rua vinte e três e ele disse que me amava. Mal sabia que  não o faria mais.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Anti Lírico

Quero-te não para amar-te, nem para ter-te. Quero-te apenas para velar-te o sono.

domingo, 27 de novembro de 2016

Da bailarina

Danse, Tremulous, Cygne
Um céu róseo 
desabrocha nas fumaças dos motores
A menina beija a mãe
sai por aí ao encontro do seu destino
Seus pezinhos ligeiramente delicados 
tateam com cuidado as Bromélias 
que lhe pende ligeiro sorriso
e dizem entre si:

- A onde vais menina? A onde vais?

Linearmente ereta,
mãozinhas na cintura,
fôlego suspenso,

- Creio que ela correu. Sim. Certamente. Ela correu.
A menina do coque  róseo, do sorriso róseo...
Parou em frente a confeitaria, 
cheira as mãozinhas, esfrega-as ao estômago,

- Mate Por favor!

Uma pequena pausa, 
um ligeiro e eterno sorriso...

- Um mate, Por favor!


À vous aimer

A menina do vestidinho rosa
chegou, parou, entrou no edifício 36, da rua Lorena

"Atelier Mme. Odette Ancour"

Era ali onde se refugiava quase todas as manhãs, 
Onde seus pezinhos em formação 
cumpriam seu ritual ortodoxo
de salvação pela arte.

...Alguém lhe pergunta do amor,
Mas de nada   ela sabe,
Exceto de que o amor é rosa,
assim como tudo que há nela o é.
A pequena não se engana,
A pequena sabe
que do amor tudo é dança, 
tudo é um beijo no cenho materno,
que o amor é apenas MATE. 
Puro MATE.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pé de Ipê

Um pé de Pê
De Pê amarelo
É sombra de Ipê
No pé do carvalho
escandaloso Purtuguês
Azul e branco
Cor do céu
Vida que se refaz
em tom grená
Na imensidão das nuvens macias
fronde orgulhosa  de Pê.
Essa gente de fados
tão ameríndia quanto os de lá
Chorando Pês
na Terra dos de Pindorama
Pontilhão agudo - cruzeiro do sul
Procissão de moles Marias sonolentas
em galhos machos de bambuzais sergipanos.

sábado, 10 de setembro de 2016

Corpos

Três passos para trás
Dois para frente
Um para esquerda
E uma incógnita infinita à direita

O ponto ao meio
São carros sobre os corpos
agitados às doze horas.
É horário de pico na colméia
E as operárias se movem sobre os corpos

Um passo à direita e verás que a construção não acabou,
britadeiras de papelão furam a dura areia de Copacabana
Enquanto os grilos tomam sol
no mar de gente, de gente morta ao sol.

Ao meio tudo é festa
as cigarras cantam
As operárias trabalham
E a rainha vive,

Três passos pra trás,
chove
Dois para frente,
gente,
Um para esquerda,
ao
Todos chegam,
Meio.

sábado, 27 de agosto de 2016

Teste

Uma poesia que te soa,
uma poesia que te bate
um furo na canoa
Inundação de toda arte

A canoa virou,
por deixar ela virar
é por causa do amor
que se afunda no mar